domingo, 26 de abril de 2009

'Voando na pontinha dos pés


Hoje acordei com o corpo tão dolorido, parecera que um trator viera fazer uma construção sem permissão, queria dormir até tarde, mas o impetuoso telefone insistiu em tocar na hora errada, voltei pra cama e numa tentativa sem muito sucesso tentei voltar a dormir, resultado, me virei, revirei e inventei mil e uma coisas para pensar, refletir-novidade- aproveitei e curti minha preguicinha, chega, me levantei.
E vendo a vida um pouco diferente, prontamente de outro ângulo, ou pelo menos tentando, mudanças pequenas e ao mesmo tempo grandes invadiam min'alma e tentavam sair de qualquer forma, era como seu eu falecesse na noite passada e acordasse no corpo de outro que queria muito viver, ver o diferente, saborear o novo.
Talvez sejam novas alegrias, um novo medo, novas esperanças, não sei, apenas mudei, mudei?Comecei a ver minha família com outros olhos, com outro brilho, com outro coração, um sentimento leve como o de uma criança que ainda não se contagiou com as angústias da vida.Ontem fui tocado pela delicadeza em que a noite se desvelou, reparei-os bem, eles estavam ali, felizes, conversando, cada um com suas imperfeições, com suas histórias, um exímio exemplar de seres humanos, pessoas, algo nos unia, algo que vinha perdendo com o tempo.
Parei por alguns segundos, minutos, horas, até agora e observando cada gesto, cada palavra, as gargalhadas mais sinceras, como mudamos, estamos tão diferentes de outren e ainda assim somos os mesmos.Minha mãe sempre feliz e preocupada com todos, dona de uma simpatia única, com seu olhar tão sincero e humilde observava atentamente cada detalhe ao seu redor, minha adorada, querida e amada mamãe. Meu pai com o seu jeito de sempre, meio espalhafatoso, rígido e brincando com a vida ao seu modo, depois que o vi imitando uma bailarina na pontinha dos pés, reconheci que tinha perdido muito tempo reclamando de sua pessoa, de suas atitudes patriarcas, do seu modo de viver ao invés de conhece-lo melhor-por dentro- , ele já foi criança, adolescente, certamente já sofreu por amor, chorou sem motivos e brincou com alguma bola por ai, nem que seja por questões de milésimos vi um ser humano na minha frente, com seus erros e uma vontade enorme de acertar.
Resumir agora o que estou sentindo seria injusto, só estou diferente,
com uma gula imensa de viver...

terça-feira, 21 de abril de 2009

'Uma suposta nostalgia


Tenho sentido sede de escrever, de me expressar, de colocar pra fora toda essa vontade louca de gritar -em silêncio-, tenho amado tanto ultimamente e chorado ao ponto de não conseguir derramar lágrima alguma. Tenho sentido falta dos meus antigos sorrisos, das coisas simples que me deixavam bem e que hoje não passam de meras lembranças corriqueiras, uma total nostalgia sem controle que me acorda sem ao menos deixar eu abrir os olhos. Tenho sentido falta até dos meu cachorros que já se foram, eles eram tão importantes, mesmo sujos ou com algumas pulgas não deixavam de ser fofos e carinhosos. Falta do Colégio, das pessoas, dos professores, do cheiro dos livros, de estudar como antes, de sentir aquele friozinho chato na barriga antes de uma prova super importante, aqueles milaborantes planos de cola que me deixavam com calafrios, eram tantas aventuras. Sinto falta de sentir falta, falta da falta que a falta faz, sem ela não existiria essas lembranças, falta de sair pegando/pedindo o lanche alheio em um recreio super alto astral que sempre passava tão rápido, falta até daquelas aulas chatas de física que não tinham fim, duravam uma eternidade e meia. E não paro de sentir falta, quanto mais penso na falta mais falta a falta me faz, falta das aulas de filosofia, das minhas intermináveis reflexões sobre a vida, me sentia com o dedo no mundo, poderoso, arquitecto de minhas próprias ideias, falta de tirar 10, falta de me sentir triste ao receber um zero ou até mesmo falta de nem ter feito uma prova que salvaria meu boletim de uma mancha vermelha sombria e inimiga do meu sossego como aluno.Falta de chegar atrasado na aula e ser recebido por tantos sorrisos e palavras amigáveis, tinha dias que me sentia um verdadeiro herói, o galã do momento, a estrela como minha querida Tata costumava carinhosamente me chamar, falta de implicar com a minha querida Alcione, a Feulinha do meu coração, ela não perdia a oportunidade de sempre colocar apelidos sublimes em mim, eram tantos e tantos-Reginaldo Rossi, Cabeçudo, Bola de Cristal- é melhor parar por aqui. Estava sentindo falta de falar sobre as faltas, falta de mim mesmo, e vou parar de perder tempo com todas essas faltas antes que o futuro engula de vez o presente e tudo não passe de novas faltas que sentirei falta de recordar...