segunda-feira, 29 de março de 2010

Esse lá...


... e tudo o que escrevo, ou tento escrever, não é o que eu gostaria de dizer.
É como um código, quanto mais tento desvenda-lo, mais me complico e me perco. Uma questão de imprecisão, de impulsividade, de uma ansiedade multiplicada por um número que beira ao infinito - minha mão se cansa, me sinto bobo, fraco, chato, por estar aqui e não lá -. Esse lá, não tem nome, ou até tenha, esse lá é ilusão, encanto, fantasia.
É o apetite que mantém meus sonhos vivos ou a ilusão que os faz morrer.
Esse lá, é Lispector. É Cazuza.
É abraço. É tarde fria, coberta, companhia.
É suspiro, imaginação, correria.
Esse lá, é um beijo, um roubo, uma viagem, sintonia.
Esse lá, são palavras, com aquele sabor de hora certa e missão cumprida.
É felicidade, simplicidade, humildade.
Uma rima, um nexo ao avesso.
Uma dança coreografada com os passos da alma.
Tudo que te faz sentir melhor, independente do julgamento alheio ou do pecado de ser feliz.
É o friozinho na barriga, o alerta que o faz viver além do limite.
A nostalgia de algo bom.
É ouvir uma música, canta-la bem alto, aos gritos, sem medo de parecer ridículo.
É não ser apenas um. É ser vários, ser muitos, perdendo-se nas várias formas de se viver.
É ter alguém com quem contar, que se importe verdadeiramente com você, que compartilhe alegria e dor.
É estar com alguém e implorar para as horas se paralisarem.
É dormir sem hora para acordar - como é bom!-
É estar na pior festa do ano e mesmo assim se divertir, dar boas gargalhadas ao lado dos amigos do peito.
Esse lá, é interrogação, dúvida, auto-conflito, psudocerteza.
São todas as certezas que não quero saber. Obrigado, não quero mesmo!
É o meu direito, meu carma.
Esse lá, é vírgula, respiração, pausa, tudo ou nada, um meio termo incompleto, inexplicável.
Esse lá, é comida saborosa, tempero da mamãe. Almoço de domingo, sorrisos reunidos.
É doce, paçoca, amendoim e seus derivados.
É cinema, proximidade, contato, amassos, escuro!
É voltar a ser criança, achar graça em tudo. Andar, tropeçar, babar, se lambusar,mijar nas calças e não ser punido por isso.
É solidão!
É silêncio!
É ser introspectivo quando preciso, ou quando não for também, aliás, nunca saberemos a hora de ser isso ou aquilo, mas a certeza do lá, persiste, nos faz voar!